De Onde Vem
O que fazer quando a alegria se esvai de dentro de nosso coração deixando somente um vazio que não conseguimos preencher?
Quando nos perdemos de nós mesmos a vida para de ter sentido, o mundo a nossa volta passa a acontecer em preto e branco e já não conseguimos mais nos emocionar com aquilo que vemos. Para onde foi aquela alegria que nos alimentava a alma? Cadê aquela vontade de viver, de conquistar, de realizar? Como se faz mesmo para sorrir? As respostas se perderam no tempo e já não sabemos mais como resgatá-las.
O sentimento de vazio que invade a alma nos paralisa diante da vida, nĂŁo conseguimos enxergar um propĂłsito, um porquĂŞ, e assim sem objetivos claros nos entregamos (ainda que inconscientes) a um processo lento mas profundo de desistir de nĂłs mesmos, e quanto menos nos importamos mais nos afundamos nessa onda de tristeza e angĂşstia que se renova a cada dia, nos entristecendo mais e mais. De onde vem essa dor, essa saudade sem fim, essa tristeza infinita, que nos visita todos os dias e nos rouba a alegria de viver?
Esse sentimento de angústia vem dos recônditos mais escondidos de nossa alma num pedido de socorro, é um apelo que nossa alma faz a nós mesmos, para nos indicar que alguma coisa não está bem, que nós não estamos bem, que estamos perdendo o brilho da vida, que estamos nos perdendo . Essa saudade que não sabemos explicar é saudade de nós mesmos, saudade daquilo que éramos, daquilo que fomos, saudade da pessoa que tinha sonhos, que fazia planos, que tinha esperança e fé na vida, que acreditava que os dias eram coloridos, e se eles teimassem em amanhecer cinza usaria toda sua criatividade para ir lá e pinta-los ainda que fosse do seu jeito. Saudade de alguém que tinha ousadia suficiente para colorir sua própria história.
Eu sei que as vezes algumas perdas sĂŁo tĂŁo intensas que sentimos como se tivĂ©ssemos perdido a prĂłpria vida, Ă© certo que cultivemos essa dor, que transformemos esse sofrimento em lágrimas todas as vezes que tivermos vontade, porque isso alivia e nĂŁo nos deixa sufocar. Mas há um limite e o limite Ă© “vocĂŞ”. VocĂŞ nĂŁo se perdeu, a vida nĂŁo se foi e se renova a cada dia, e nĂŁo Ă© justo negar a si mesmo a chance de viver, de aceitar esse convite diário que a vida nos faz. Escuta essa voz que grita dentro de vocĂŞ, atenda esse pedido de socorro. O processo de renovar-se interiormente Ă© lento, mas pode ser realizado, nĂŁo tenha pressa.
Existe muita vida ainda dentro de você querendo ser vivida, muitos sorrisos que ainda precisam ser dados, muita alegria para ser dividida, existe uma história para sua vida que ainda não foi contada, que ainda não aconteceu, mas que está pronta para acontecer assim que você estiver pronto também. É preciso ficar bem consigo mesmo e uma vez que você estiver bem com você os outros se sentirão bem ao seu lado. É preciso estar receptivo para a vida, não se feche, permita que a vida flua a seu favor. Ame-se, não se culpe, não cobre de si mesmo mais do que aquilo que você pode dar. Permita-se sentir, tente sorrir mais, seja mais comunicativo, olhe o céu, observe uma flor, ria com uma criança, escute a história de um idoso, ouça uma música, comece com pequenas coisas e você verá que a vida logo começará a responder na mesma sintonia.
É hora de olhar para si mesmo com mais amor e se predispor a resgatar-se. Somente a sua vontade de se ajudar, o seu carinho para consigo, o seu respeito em aceitar suas prĂłprias limitações, te tornarĂŁo apto a redescobrir o seu “eu” que está oculto já há tanto tempo. A vida te convida a renovar-se, aceite esse convite, dĂŞ o primeiro passo ao encontro de si mesmo, vocĂŞ irá se surpreender com tanta vida que ainda existe ai dentro. Experimente!
(Maisa Baria)
0 comentários